Por volta de 1959, Mestre Irineu recebeu o Hino “108 - Linha do Tucum” (ver hino abaixo). Aqui a palavra Tucum possivelmente refere-se a uma palmeira (Acrocomia Officinalis) cheia de espinhos, encontrada no… More Maranhão. O tucunzeiro, que também é muito comum em diversas outras regiões do Brasil, apresenta na cultura afro-indígena maranhense relações estreitas com pelo menos dois grandes grupos de entidades espirituais: a família de Légua Boji e a família dos Currupiras. Estas são formadas por encantados violentos que costumam aplicar castigos impiedosos em pessoas que, por qualquer razão, os venham desagradar. Uma das suas punições favoritas seria fazer suas vítimas entrarem em touceiras de… More
Por volta de 1959, Mestre Irineu recebeu o Hino “108 - Linha do Tucum” (ver hino abaixo). Aqui a palavra Tucum possivelmente refere-se a uma palmeira (Acrocomia Officinalis) cheia de espinhos, encontrada no Maranhão. O tucunzeiro, que também é muito comum em diversas outras regiões do Brasil, apresenta na cultura afro-indígena maranhense relações estreitas com pelo menos dois grandes grupos de entidades espirituais: a família de Légua Boji e a família dos Currupiras. Estas são formadas por encantados violentos que costumam aplicar castigos impiedosos em pessoas que, por qualquer razão, os venham desagradar. Uma das suas punições favoritas seria fazer suas vítimas entrarem em touceiras de tucum, onde ficariam presas nos espinhos. No universo afro-indígena maranhense, o tucum é também considerado o local de moradia dos Currupiras. Entre os pajés de Cururupu-MA, o tucum, além de ser usado em remédios, pode funcionar como uma espécie de “depurador” espiritual e o tucunzeiro é utilizado como local onde os pajés depositam os feitiços e substâncias malignas retiradas do corpo dos doentes. Assim, no complexo cultural afro-indígena
maranhense, o tucum é um símbolo rico em significados relativos ao poder sobrenatural e à magia. O hino 108 – Linha do Tucum de Mestre Irineu parece filiar-se a esse universo simbólico. É considerado no Daime como sendo um “hino de força” ou “hino de enxotamento de maus espíritos”. A partir de 1963, ele passou a ser usado em conjunto com uma oração de exorcismo do livro Orações da Cruz de Caravaca, no ritual chamado “Trabalho de Mesa” criado por Mestre Irineu para afastar “encostos” ou “maus espíritos”. Neste hino, ele introduziu também um passo chamado “Marcha Valseada” que é executado após a “Marcha” do primeiro estribilho (praticado apenas nos festejos). O bailado do hino inteiro deve seguir o modelo de passo misto. A “Marcha Valseada” diferencia-se da “Marcha” por ser bailada sem se sair do lugar, colocando-se alternadamente uma perna à frente e torcendo-se os ombros alternadamente aos movimentos das pernas. O toque do maracá neste passo lembra o instrumento de percussão conhecido como caixa. Cada vez que se coloca a perna à frente, ao retorno desta, bate-se o maracá na mão com um toque seco.
Por volta de 1959, Mestre Irineu recebeu o Hino “108 - Linha do Tucum” (ver hino abaixo). Aqui a palavra Tucum possivelmente refere-se a uma palmeira (Acrocomia Officinalis) cheia de espinhos, encontrada no Maranhão. O tucunzeiro, que também é muito comum em diversas outras regiões do Brasil, apresenta na cultura afro-indígena maranhense relações estreitas com pelo menos dois grandes grupos de entidades espirituais: a família de Légua Boji e a família dos Currupiras. Estas são formadas por encantados violentos que costumam aplicar castigos impiedosos em pessoas que, por qualquer razão, os venham desagradar. Uma das suas punições favoritas seria fazer suas vítimas entrarem em touceiras de tucum, onde ficariam presas nos espinhos. No universo afro-indígena maranhense, o tucum é também considerado o local de moradia dos Currupiras. Entre os pajés de Cururupu-MA, o tucum, além de ser usado em remédios, pode funcionar como uma espécie de “depurador” espiritual e o tucunzeiro é utilizado como local onde os pajés depositam os feitiços e substâncias malignas retiradas do corpo dos doentes. Assim, no complexo cultural afro-indígena
maranhense, o tucum é um símbolo rico em significados relativos ao poder sobrenatural e à magia. O hino 108 – Linha do Tucum de Mestre Irineu parece filiar-se a esse universo simbólico. É considerado no Daime como sendo um “hino de força” ou “hino de enxotamento de maus espíritos”. A partir de 1963, ele passou a ser usado em conjunto com uma oração de exorcismo do livro Orações da Cruz de Caravaca, no ritual chamado “Trabalho de Mesa” criado por Mestre Irineu para afastar “encostos” ou “maus espíritos”. Neste hino, ele introduziu também um passo chamado “Marcha Valseada” que é executado após a “Marcha” do primeiro estribilho (praticado apenas nos festejos). O bailado do hino inteiro deve seguir o modelo de passo misto. A “Marcha Valseada” diferencia-se da “Marcha” por ser bailada sem se sair do lugar, colocando-se alternadamente uma perna à frente e torcendo-se os ombros alternadamente aos movimentos das pernas. O toque do maracá neste passo lembra o instrumento de percussão conhecido como caixa. Cada vez que se coloca a perna à frente, ao retorno desta, bate-se o maracá na mão com um toque seco.