Cabocla Jurema



Hoje também vamos falar um pouco da Cabocla Jurema, tão conhecida e tão sagrada que existe um culto com seu nome, acredita-se até que a árvore da Jurema é sagrada onde reside os Orixás, e é desta árvore que se faz a base do chá chamado "Daime".

Esta Cabocla é a Rainha das Matas, filha mais velha do Caboclo Tupinambá. Ela teve mais duas irmãs chamadas: Jupira e Jandira. Presta sua caridade em qualquer Casa de Cultos de Umbanda somente por caridade, não admitindo cobranças pela consulta.

Sua legião é constituída de grandes entidades espirituais, espíritos puros que amparam os sofredores, utilizando o processo de passes-curas através das ervas.

Normalmente a entidade Cabocla Jurema, quando está trabalhando, atrai a presença, vibração de todas as caboclas Jurema ou seja, Jurema da Cachoeira, Jurema da Praia, Jurema das Matas, etc,. Pois na realidade todas são uma única vibração que trabalham com ambientes da natureza. ex: lua, sol, mata, chuva, vento etc.

Jurema trabalha dentro da necessidade de cada pessoa, transmitindo coragem e energia. Tem sempre uma palavra de alento e conforto para aqueles que sofrem de enfermidades. Ela nos ensina a suportar as dificuldades e nos dá coragem para suportá-los.

Em qualquer lugar onde você esteja, quando o desespero tomar conta e a coragem lhe faltar, chame pela Jurema e sentirá sua força amparando você.

Cabocla, sendo igualmente uma entidade espiritual que trabalha na linha de Oxossi, é uma "cabocla", ou divindade evocada no Catimbó, cultos afro-brasileiros e mais prestigiada e respeitada na Umbanda. Entidade Guia - Chefe da Linha de Oxossi.

Existem várias dissidências desta entidade. Sabendo que a maioria dos aparelhos de ação da Cabocla Jurema serem filhos e filhas ligados a Iansã, pois é sua vibração Original.
Cabocla Jurema da Praia - ligada com Iemanjá - Caboclo Sete-Pedreiras*
Cabocla Jurema da Cachoeira - ligada com Xangô - Caboclo Lírio
Cabocla Jurema da Mata - ligada com Ogum - Caboclo Rompe-Mato
Cabocla Jurema Flecheira - ligada com Oxossí - Caboclo Sete-Flechas
Cabocla Jurema do Oriente - ligada com Ibeji - Caboclo Cobra Coral*
Cabocla Jurema Rainha - ligada com Oxalá - Caboclo Girassol
Cabocla Jurema Preta - ligada com Omulu/Obaluaye - Caboclo Arranca-Toco
Cabocla Jurema da Lua - ligada a Oxum - Caboclo Sete-Montanhas
Cabocla Jurema Mestra - ligada a Nanã - Caboclo Araúna
Jurema e seus significados, uso entheógeno nos cultos afro-brasileiros:

Candomblé, Umbanda e Catimbó

A Recriação Contemporânea do Mito da Jurema rainha

Dentre os estudos da antropologia brasileira, a Jurema ocupa um lugar singular. O próprio termo comporta denotações múltiplas, que são associadas em um simbolismo complexo. Além do sentido botânico (1), a palavra Jurema designa ainda pelos menos três outros significados:

Preparado líquido à base de elementos do vegetal, de uso medicinal ou místico, externo e interno, como a bebida sagrada, “vinho da Jurema”;

cerimônia mágico-religiosa, liderada por pajés, xamãs, curandeiros, rezadeiras, pais de santo, mestras ou mestres juremeiros que preparam e bebem este “vinho” e/ou dão a beber a iniciados ou a clientes;

Jurema sendo igualmente uma entidade espiritual, uma “cabocla”, ou divindade evocada tanto por indígenas, como remanescentes, herdeiros diretos em cerimônias do Catimbó, de cultos afro-brasileiros e mais recentemente na Umbanda.

Para o professor José Maria Tavares de Andrade (2), esse “complexo semiótico” chamado Jurema, representa até hoje, na polissemia deste termo, um ponto de vista e uma resistência étnica dos nordestinos autóctones, “um fio condutor de um traço cultural, distintivo do componente indígena da cultura popular, regional e nacional.”

Numa primeira fase da colonização, a resistência dos povos indígenas no Nordeste, não permitiu que a Jurema, enquanto árvore sagrada, fosse conhecida, em seus usos e significados, não sendo assim documentada pelos colonizadores e estrangeiros. Numa segunda fase histórica a Jurema representa um elemento ritual ligado à própria resistência armada dos povos indígenas ou à guerra empreendida contra inimigos inclusive em suas alianças. Ainda nesta fase na qual a Jurema começa a ser documentada, seu significado ainda não é entendido mas seu uso já é motivo de repressão, prisão e morte de índios, (…). Na medida em que avança o rolo compressor da colonização, processo de genocídio ou tentativa de dominação, não só política e econômica como também cultural, aparece uma nova forma de resistência: a Jurema assume um lugar central na religiosidade popular, não só indígena regional – Catimbó. Diante do componente negro a Jurema garante seu reconhecimento, como entidade (espírito, divindade, cabocla) autóctone, “dona da terra”. A Jurema é absorvida pelos cultos afro-brasileiros, tendo surgido inclusive os “Candomblés de Caboclos”. Nas últimas décadas é no contexto da Umbanda, religião nascente e em pleno processo de sistematização e de expansão nacional, que a Jurema é integrada na cosmologia sagrada, no panteão da religião nacional. Constatamos em vários estados nordestinos as “Linhas da Jurema”, dentre as linhagens e filiações religiosas da Umbanda. Nesses últimos anos, e paralelo ao movimento religioso propriamente brasileiro, a Jurema continua como “núcleo duro”, segredo, bandeira ou símbolo, para os remanescentes indígenas, em pleno “movimento étnico”, num contexto de defesa de seus direitos humanos, de suas áreas de reservas e de sua autonomia e reconhecimento no pluralismo da sociedade e das culturas brasileiras (3).

Não é difícil entender porque a Jurema seria sagrada para os índios nordestinos antes da chegada dos brancos. Segundo Andrade, “enraizamento lingüístico do termo Yu’rema na língua tupi é um forte indício de que o uso primordial, inclusive cerimonial do vinho da Jurema, além de ser herança da cultura indígena, regional, certamente já existia antes da presença dos colonizadores”.

Além de seu caráter alucinógeno (4) e do seu comprovado uso nas guerras e ritos de passagem, a Jurema, enquanto planta, desempenha um papel central no ecossistema semi-árido das caatingas nordestinas: durante os longos períodos de estiagem, quando a paisagem do sertão fica cinza e vermelho, apenas ela e o cacto do mandacaru resistem verdes e com reservas de água.

Na verdade, no auge da estiagem, a casca da Jurema seca enquanto seu interior permanece viçoso. Quando a chuva volta, a casca seca cai e a árvore reaparece jovem. Esse fenômeno dá margem a uma longa mitologia de lendas e cantos envolvendo os ciclos de sazonalidade e morte/renascimento. Mas, ao contrário do mandacaru, do qual o sertanejo pode extrair água durante a estiagem, a água da Jurema é completamente inacessível ao uso humano. No caso da Jurema, a existência de água atrai a presença de pequenos insetos e de vários níveis de pequenos predadores da cadeia alimentar do ecossistema do sertão. As cobras são habituais no juremal, tanto pela existência farta de seu alimento como pela proteção dos galhos espinhosos, impossibilitando o trânsito de animais maiores.

Este fato deu margem a uma extensa mitologia popular, cantada em pontos e chamadas tradicionais, em que as cobras protegem espiritualmente a árvore, assim como esta com seus espinhos, protege os seus répteis guardiões. Assim, centro da resistência da vida orgânica à seca, em torno do qual todo ecossistema ‘não-humano’ (na verdade, não-mamífero) da caatinga gravita, a Jurema reina no sertão nordestino, desde tempo imemoriais, às margens de qualquer socialização: trata-se apenas um local perigoso e cheio de tabus, sob múltiplos aspectos (5).

Não é difícil entender porque a planta deveria ser considerada sagrada para as tribos do sertão, antes da chegada dos colonizadores. Mas, o fato é que a sacralidade da jurema foi uma identidade étnica historicamente construída, em segredo durante a colonização por tribos litorâneas que não tinham a mesma tradição. Andrade argumenta que, durante o início da colonização, o uso da Jurema foi tolerado e aceito pelos portugueses católicos quando era canalizado para lógica de guerra contra invasores franceses e holandeses, enquanto seu uso religioso era condenado como feitiçaria. Há vários registros históricos (século XVI e XVII) sobre a eficácia militar dos guerreiros juremeiros. Esta dupla permissão/condenação favoreceu uma expansão secreta e silenciosa da Jurema, levando o uso da bebida a ser conhecida pelas tribos amazônicas do Maranhão.

E foi assim, neste contexto contraditório, que a Jurema se firmou como prática étnica indígena e se miscigenou com os cultos africanos. E não se trata de reduzir a planta a um ‘espírito’ de uma jovem cabocla como conhecemos na umbanda contemporânea: o candomblé africano reconhece a Jurema como orixá, o único genuinamente brasileiro. É a Nação da Jurema. A Jurema chegou ao império como uma forma religiosa de resistência cultural bastante complexa, mantendo viva seu caráter guerreiro e marginal e conheceu ainda um novo ciclo de religiosidade popular – o dos mestre da jurema no catimbó nordestino, que, até a primeira metade do século XX se utilizam para desfazer feitiços e encantamentos no Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

A partir deste quadro, muitas perguntas impossíveis de serem respondidas podem ser formuladas: O que aconteceu com a Jurema? Como ela se transformou de prática xamânica, desta manifestação étnica-popular secreta dos índios e negros em uma simples ‘cabocla da linha de Oxossi’, sem qualquer relação com a planta e seu consumo? Como uma tradição tão significativa desapareceu assim sem deixar vestígios?

Porém, só entenderemos o verdadeiro significado da Jurema, o motivo principal de sua ‘sacralidade’, as causas de seu misterioso desaparecimento e sua reconstrução mítica na pós-modernidade, se a relacionarmos com toda discussão contemporânea sobre ‘entheogênesis’. E é isto que tentamos a seguir.

Entheogênesis

Entheogênesis significa ‘origem divina’ (Theo = Deus, Gênesis = Origem). A palavra ‘entheógenos’, no entanto, surgiu em contraposição a denominação de ‘alucinógenos’ para designar a utilização de substâncias químicas com finalidades místicas, religiosas ou cognitivas. Segundo seus defensores a denominação de ‘alucinógeno’ para as substâncias químicas de feito psíquico, que provocam mudanças nos estados de percepção e consciência é preconceituosa, pois embute o sentido de entorpecimento e alienação.

A partir daí há dois sentidos possíveis:

A) A hipótese de que foi a ingestão de cogumelos alucinógenos que despertaram a consciência nos macacos.

B) A enteogênesis é o uso não alienante das drogas – como prescreveram vários pensadores da Contracultura. Timothy Leary, entre outros menos famosos, defendia o caráter revolucionário da experiência psicodélica através de drogas. Para Leary, os estados alterados de consciência provocavam mudanças existenciais profundas, transformações na personalidade, tornando as pessoas mais conscientes de si.

Também Carlos Castanheda, antropólogo convertido ao sistema de ‘feitiçaria tolteca’, iniciou-se nessa tradição através da utilização das ‘plantas de poder’, principalmente a Datura (a ‘Erva do Diabo’) e o Peyote (o ‘mescalito’). A droga aqui é utilizada para romper com a descrição ordinária da realidade, com a percepção cotidiana de mundo, como uma forma de se sentir presente em outros universos dimensionais.

A droga alucina e cura, equilibra e enloquece, maravilha e vicia. É um paradoxo, um dispositivo de funções aparentemente contrárias. Entre os autores brasileiros que pensaram a questão das drogas dentro de uma perspectiva foucaultiana dos modos de sujeição, Edson Passetti (6) é talvez quem melhor coloque o papel central deste dispositivo na sociedade contemporânea.

A droga é pensada como produto médico para recolocar um indivíduo dentro da normalidade social. É também alucinógeno capaz – quando usado fora do espaço de confinamento – de fomentar ou gerar no indivíduo distorções em sua personalidade. De ambos os lados, a droga afeta a chamada alma do sujeito, quer recuperando-a quer perdendo-a. Assim, dentro da mais perfeita ordem das coisas, a droga é doença e cura, crime e lei, cujo uso é regulamentado por órgãos governamentais. (…) A relação droga e alma, essa coisa que pode ser racionalmente capturada, organizada e disposta para que o indivíduo possa viver uma suposta plenitude terrena, que as religiões não fornecem – e justamente por esse princípio contribui para a reprodução da religião -, visa combater o desprezível no interior e no exterior do indivíduo, retificando partes ou o todo. (pp.56-57)

Com o pesquisador Terence McKenna, o caráter cognitivo das drogas e da experiência psicodélica na contracultura vai se tornar uma ‘etnofarmacologia’, isto é, em um estudo sistemático das tradições de consumo de entheógenos. McKenna – autor de diversos livros sobre drogas e religiosidade contemporânea (7) – retoma a associação entre a utopia social e os estados de consciência quimicamente alterada (proposta por Charles Baudelaire e Aldous Huxley) e desenvolve ainda a idéia de que nossa experiência com o sagrado deriva do consumo de substâncias químicas e a combina com a hipótese Gaia e com um desconcertante arsenal de perguntas:

“Estaríamos ainda evoluindo as leis eternas da natureza? Existiria um reino além do espaço e do tempo que asseguraria os padrões e as condições de criatividade e de organização, e o processo evolutivo emergente – ou o universo se construiria a si mesmo à medida que fosse caminhando? As causas das coisas estariam no passado ou no futuro? Haveria algum Objeto hiperdimensional, que nos atrairia para a frente ? Seria a história apenas uma sombra que a escatologia projeta atrás de si? Seríamos nós, os seres humanos, os imaginadores ou os imaginados? Ou seria a história, de certo modo, uma co-criação – uma parceira instável, cronicamente evolvente e pusilânime entre nós mesmos e o Fazedor de Padrões hiperdimensionais? Seriam os vegetais visionários nossos potenciadores e nossos guias; e seria a teo-botânica a chave de tudo isso? Seria o caos meramente caótico, ou abrigaria a dinâmica de toda a criatividade? Que conexão existiria entre a luz física e a luz da consciência? Como transporíamos nossos limites fundamentais a fim de ingressar numa nova fase de aventura humana?” (8)

Porém, o certo é que, a partir do advento ‘Terence McKenna’, há todo um movimento em curso sobre essa história de Entheogênesis. Atualmente, na internet, tanto encontramos páginas dos grupos religiosos ligados a tradições xamânicas com a Ayahuasca (9) quanto de psiconautas e estudiosos. (10)

É bem verdade que as idéias do movimento entheógeno estão dando margem para toda sorte de teorias delirantes. Para alguns, por exemplo, o cogumelo entheogênico seria apenas o corpo físico de um ser vindo de outro planeta para colonizar a terra, um veículo biológico da memória arcaica. Por outro lado, é claro que os grupos tradicionais discordam dos psiconautas. E sobre isso há debate interessante ainda em curso. Alex Polari do Santo Daime brasileiro, por exemplo, escreveu Seriam os Deuses Alcalóides?

Mas, a verdade é que o próprio crescimento dos grupos tradicionais em progressão geométrica a nível internacional (que usam subtâncias químicas através de plantas de poder – Ayahuasca, Peiote, San Pedro) se deve ao movimento entheógeno e que este, muitas vezes, acaba influenciando e modificando bastantes aqueles – como em relação a Jurema. No artigo A Jurema em Regime de Índio (11), podemos observar o contraste de alguns aspectos simbólicos desta reconstituição do uso cerimonial da Jurema em um contexto religioso contemporâneo e entre seu contexto tradicional. E hoje é mais fácil encontrar trabalhos espirituais com a utilização da Jurema na Europa que nas caatingas do nordeste brasileiro. Vivemos um processo de reconstrução mítica globalizada, em que um símbolo/substância química de nossa consciência étnica está sendo reimportada e reinventada em um contexto contemporâneo.

NOTAS

(1) Etnobotanica da Jurema: Mimosa tenuiflora (Will.) Poiret (=M. hostilis Benth.) e outras espécies de Mimosáceas no Nordeste-Brasil.

(2) Doutor em Antropologia, GERSULP, Strasbourg. Ming Anthony, Muséum National d’Histoire Naturelle, Paris.

(3) ANDRADE, J. M – Jurema: da festa à guerra, de ontem e de hoje.

(4) A Jurema tem D.M.T. (Dimetril TriptaMina), o mesmo alcalóide psicoativo da Ayahuasca, bebida xamânica utilizada pelos índios da Amazônia Ocidental e, mais recentemente, pelas seitas religiosas do Santo Daime e da União do Vegetal. Sobre o uso dessa substância em diferentes contextos, consulte DMT World’s.

(5) Ressalte-se, inclusive, o próprio preconceito dos antropólogos nordestinos com o tema.

(6) PASSETTI, E. Das ‘Fumaries’ ao Narcotráfico. São Paulo, EDUC, 1991.

(7) MCKENNA, T. – ‘Alucinações Reais’, ‘Alimento dos Deuses’ e ‘Retorno à cultura arcaica’ Rio de Janeiro: Record/Nova Era, 1993, 1995 e 1996. Em inglês, há ainda os livros em parceria com seu irmão Dennis McKenna, The Invisible Landscape e Psilocybin: The Magic Mushroom Grower’s Guide.

(8) MCKENNA, T. ‘Caos, Criatividade e o retorno do Sagrado – triálogos nas fronteiras do Ocidente’ (em conjunto com Ralph Abraham e Rupert Sheldrake) São Paulo: Cultrix/Pensamento, 1994.

(9) Mais informação sobre Ayahuasca em: www.ayahuasca.com e http://www.yage.net/

(10) Em um rápido levantamento, além de sites comerciais, descobrimentos duas revistas especializadas (Entheogen.com e Trip Maganize), três bibliotecas virtuais (The Lycaeum, Religion and Psychoactive Sacraments e The Vaults of Erowid), duas ONGs com conotações políticas (The Drug Reform Coordination Network e The Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies (MAPS) e uma comunidade virtual (The Island Web).

(11) GRÜNEWALD, R. A. Jurema em ‘Regime de Índio’. Amsterdã: Lycaeum, 1999. A bibliografia sobre Jurema é excelente.
Cabocla Jurema e suas Falanges

A Jurema dos remanescentes indios e caboclos do Brasil que usa o 'Vinho de Jurema", ou simple smente Jurema, cujo principio ati vo e o mesmo DMT da Ayahuasca, e preparado por tres especies da plantas brasileiras: a Jurema-comuni (Acacfa jurema), a Jurema-branca {Mimosa verrucosa) e a Jurema-preta {Mimosa hostilis).

Do culto da jurema (ou jurema)e que surgiu o ritual da moderna Umbanda.

É uma das entidades mais reverenciadas em todos os terreiros. Sua história começa aos sete meses de nascida quando foi abandonada por sua mãe e assim acabou por ser criada pelo caboclo Tupinambá, Jurema foi cacique de sua tribo e ao desencarnar, veio a terra na forma da grande Cabocla Jurema.
Jurema é entidade de força, de poucos risos, mas de um carinho fora do normal.

A ela credita-se, várias falanges de caboclos, onde ela é a comandante, são chamados eles de falangeiros da Jurema. E tem sua filha Jureminha que responde também na linha de Jurema.

Filha valente de Tupinambá. Adotada pelo mundo, foi encontrada aos pés do arbusto da planta encantada que lhe deu o nome; e cresceu forte, bonita, como formosura da noite e firmeza do dia. Corajosa, a cabocla tornou-se a primeira guerreira mulher da tribo, pois a sua força e agilidade e manejo das armas e da ciência da mata, se tornara uma lenda por todo continente; onde contadores de estórias, aos pés da fogueira, falavam da índia de pena dourada, que era a própria mãe Divina encarnada.

Nada causava medo na Cabocla, ate que um dia ela encontrou seu maior adversário; o amor. Jurema se apaixonou por um caboclo chamado Huascar, de uma tribo inimiga chamada Filhos do Sol, que fora preso numa batalha.

Os dias se passaram e o amor aumentava, pois o pior de amar não é amar sozinho e sim amar sem retorno, pois exige do amado, uma ação em prol do amor.

Jurema que aprendera a resistir ao conto do boto, ao veneno da cascavel e da madeira, já resistira bravamente a centenas de emboscadas e que sentia o cheiro à distância de ciladas, não conseguiu resistir ao amor que fluía do seu peito por aquele guerreiro. Observando o Caboclo preso, ela viu nos olhos dele, as mil vidas que eles passaram juntos, viu seus filhos, o amor que os unia além da carne e percebeu que não foi por acaso, que ele fora o único caboclo capturado vivo, e decidiu libertá-lo, mesmo sabendo que seria expulsa da sua tribo.

Na fuga, seu próprio povo a perseguiu, e em meio a chuva de flechas voando na direção do caboclo fugitivo, foi Jurema que caiu, salvando o seu amado e recebendo a ponta da morte que era pra ele, no seu próprio peito.

Conta a Lenda, que o Caboclo Huascar voltou a Terra do Sol e fundou um império nas montanhas andinas e mandou erguer um templo chamado Matchu Pitchu em homenagem a Jurema, onde, só as mulheres da tribo habitariam e lá aprenderiam a serem guerreiras como a mulher que salvara a sua vida. E no lugar onde a Jurema caiu, nasceu uma planta rebusca e muito resistente que dá flor o ano inteiro, cujo formato exótico e o tom amarelo-alaranjado intenso chamou atenção de todas as tribos, pois tudo dessa planta poderia ser utilizado, desde as sementes, até as flores e o caule; e porque as flores dessa planta estão sempre viradas para o astro maior; ela ficou conhecida como Girassol.

Acredita-se até que a árvore da Jurema é sagrada onde reside os Orixás, e é desta árvore que se faz a base do chá chamado "Chá do Santo Daime".

Esta Cabocla linda é a Rainha das Matas, filha mais velha do Caboclo Tupinambá. Ela teve mais duas irmãs chamadas: Jupira e Jandira, que da mesma forma que a Cabocla Jurema, são poderosas Entidades de Luz, e tem seus trabalhos dentro da Umbanda muito bem vistos e respeitados.

A Cabocla Jurema presta sua caridade em qualquer Casa de Cultos de Umbanda. Faz isso somente por caridade, não admitindo de forma alguma cobranças pela consulta ou trabalhos. Sua legião é constituída de grandes Entidades Espirituais, espíritos puros que amparam os sofredores, utilizando o processo de curas através de passes magnéticos, ervas e suas vibrações espirituais.

Normalmente a Divina Entidade Cabocla Jurema, quando está trabalhando, atrai as vibrações de todas as caboclas Juremas, ou seja, Jurema da Cachoeira, Jurema da Praia, Jurema das Matas, ou de todas as vibrações que se enquadram nessa força espiritual.

Na realidade todas são uma única vibração que trabalham com ambientes da natureza, como por exemplo: Lua, Sol, Mata, Chuva, Vento e todas as vibrações naturais. A Cabocla Jurema trabalha dentro da necessidade de cada pessoa, transmitindo coragem e energia. Tem sempre uma palavra de alento e conforto para aqueles que sofrem de enfermidades, sejam enfermidades físicas ou mentais.
Essa linda Cabocla nos ensina a entender as dificuldades e nos dá coragem para suportá-las. Em qualquer lugar onde você esteja, quando o desespero tomar conta, e a coragem lhe faltar, chame com fé pela Cabocla Jurema, e sentirá sua força lhe protegendo e lhe amparando.

A Cabocla Jurema, sendo igualmente uma entidade espiritual que trabalha na linha de Oxossi, é uma "cabocla", ou divindade evocada no Catimbó, cultos Afro-brasileiros e mais prestigiada e respeitada na Umbanda. Sendo Entidade Guia Chefe da Linha de Oxossi, ela trabalha na legião constituída de grandes entidades espirituais, espíritos puros que amparam os sofredores e mais necessitados, utilizando o processo de passes e curas através das ervas e pontos riscados. Chame pela Jurema nas horas de dificuldade, pois essa cabocla sempre estará ali para ajudar seus filhos de Fé.

Existem várias dissidências dessa Entidade. Sabendo que a maioria dos aparelhos de ação da Cabocla Jurema serem filhos e filhas ligados a Iansã, pois é sua vibração Original, existem ainda outros tipos de irradiação constituída em vibrações de outros Orixás, fazendo sua ligação vibratória com Caboclos da mesma linha, conforme relação abaixo:


Cabocla Jurema da Praia, com ligação direta a Iemanjá e Xangô tendo sua irradiação ao Caboclo 7 Pedreiras. São espíritos femininos que se enquadram nesse arquétipo chegando em terra para manifestar a fé, amor, caridade, sentido de geração e maternidade, acolhendo aflitos e necessitados com equilíbrio do mental e dos sentimentos.



Cabocla Jurema da Cachoeira, com ligação direta a Oxum tendo sua irradiação ao Caboclo Lírio. São espíritos femininos que se enquadram nesse arquétipo para manifestar a serenidade, empatia, sentido de coletividade e igualdade entre os seres, auxiliando as pessoas em relação ao convívio social e problemas financeiros.



Cabocla Jurema da Mata, com ligação direta a Oxóssi e Ogum tendo sua irradiação ao Caboclo Rompe Mato. Seu campo de atuação é a entrada das matas, dando abertura para que espíritos evoluídos nas estratégias da guerra sendo bons cortadores de demandas. Costuma ser mais fechada, porém a feminilidade logo a solta, rodando no terreiro e abrindo caminhos de todos ao redor.



Cabocla Jurema Flecheira, com ligação direta a Xangô, Oxóssi e Oxalá tendo sua irradiação ao Caboclo 7 Flechas. Espíritos femininos que se enquadram nesse arquétipo carregam um conhecimento profundo das ervas e das folhas de nossa flora e da flora de outros países, trabalha na cura, exímio vencedor de grandes demandas espirituais, quebrador de mandingas destinadas a seus filhos e a seus protegidos, manipulador das energias do Astral e não fica "preso" a nenhuma vibração, ele trabalha dentro de todas as vibrações logo que tem permissão de Oxalá para atuar nos 7 caminhos de suas flechas (Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração).



Cabocla Jurema do Oriente, com ligação direta a Xangô, Oxumaré tendo sua irradiação ao Caboclo Cobra Coral. Espíritos femininos que se enquadram nesse arquétipo são profundos conhecedores das magias e das curas através dos segredos dos répteis e animais peçonhentos em geral. Tem como premissa a elevação espiritual e mental dos seres humanos, despertando horizontes em lugares e perfis que encontram-se estagnados.



Cabocla Jurema Rainha, com ligação direta a Oxalá e Obaluaê tendo sua irradiação ao Caboclo Girassol. Espíritos femininos que se enquadram nesse arquétipo se mostram especialistas em ritos de curas e passes altamente energéticos. Antigos Xamãs, cientistas e médicos participam dessa falange dando suporte a evolução e desenvolvimento dos necessitados.



Cabocla Jurema Preta, com ligação direta a Omolu Obaluaê e Iansã tendo sua irradiação ao Caboclo Arranca Toco. Espíritos femininos que se enquadram nesse arquétipo são exímos feiticeiros com capacidade ampla de drenar energias e filtrar a espiritualidade dos lugares e das pessoas a caminhos da evolução. Estabilizam e transforma o que há de ruim; transcesdem e multiplicam o que há de bom sempre com conselhos profundos a respeito da natureza humana.



Cabocla Jurema da Lua, com ligação direta a Ogum e Xangô tendo sua irradiação ao Caboclo 7 Montanhas. Espíritos femininos que se enquadram nesse arquétipo são profundos conhecedores das leis Kármicas dos seres humanos. Acolhem e mostram não só os caminhos, mas o que está por trás de cada situação de nossas vidas, seus ensinamentos são sempre amplos e passados com sabedoria.



Cabocla Jurema Mestra, com ligação direta a Nanã Buruquê e Oxóssi tendo sua irradiação ao Caboclo Araúna. Espíritos femininos que se enquadram nesse arquétipo são muito parecidos com Pretos Velhos, com semblante e postura cansada são conhecedores de ervas e magias que possam ativar melhores situações as pessoas. Sua experiência em diversas encarnações lhe faz uma contadora de histórias que fazem seus ouvintes viajarem por caminhos da imaginação dando assim de maneira simples conselhos morais e éticos para equilíbrio e sabedoria dos necessitados.